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Do "Eu Quero!" ao "Eu Escolho!": Entendendo as Fases do Desenvolvimento de Nossos Filhos
Do "Eu Quero!" ao "Eu Escolho!": Entendendo as Fases do Desenvolvimento de Nossos Filhos
Você já parou para pensar por que, em certas idades, as crianças parecem ter a própria lei e, em outras, seguem regras rigorosamente, sem questionar? Essa jornada fascinante do desenvolvimento moral e da autonomia é algo que todos nós, pais e alunos, vivenciamos.
Para entender melhor, podemos nos basear nas ideias de um grande pensador suíço, Jean Piaget. Ele dedicou sua vida a estudar como as crianças constroem seu conhecimento e sua moralidade. Segundo ele, passamos por três fases essenciais, que nos levam de uma total dependência a uma verdadeira liberdade de escolha.
1. Anomia: A Fase do “Tudo Vale”
Essa é a primeira fase, comum em crianças bem pequenas, geralmente até os 5 ou 6 anos. A palavra "anomia" significa "ausência de regras". Nessa etapa, a criança age muito por impulso, buscando o prazer e evitando o desprazer. A ideia de certo ou errado ainda não está bem formada; o que importa é o que ela quer fazer naquele momento.
Para os pais: Essa é a fase de ouro para estabelecer rotinas e limites de forma carinhosa, mas firme. É o momento de guiar, mostrando, na prática, que o mundo têm regras e que elas são importantes para todos.
2. Heteronomia: A Fase da “Lei dos Outros”
"Hetero" significa "o outro" e "nomia" significa "lei". A partir dos 6 ou 7 anos, a criança começa a entender que existem regras, mas elas são vistas como leis rígidas e imutáveis, vindas de uma autoridade (pais, professores, etc.). A criança segue as regras não porque entende sua importância, mas porque tem medo de uma punição ou de desagradar a autoridade.
Para os pais: Nessa fase, é fundamental explicar o porquê das regras. Em vez de apenas dizer "obedeça!", você pode dizer: "Nós guardamos os brinquedos para não pisarmos neles e ninguém se machucar." Essa explicação ajuda a criança a começar a internalizar a regra e a entender seu significado.
3. Autonomia: A Fase do “Eu Escolho”
Essa fase começa a se desenvolver na adolescência, quando os jovens se tornam capazes de criar suas próprias regras e valores. "Auto" significa "eu". A moralidade deixa de ser algo imposto e passa a ser uma construção pessoal, baseada na reflexão, na cooperação e na empatia. O jovem entende que as regras sociais são criadas para o bem-estar de todos e que podem ser negociadas e adaptadas.
Para os pais: Agora é a hora de incentivar a participação. Em vez de impor, convide seu filho para dialogar. Pergunte: "Como podemos resolver isso juntos?" ou "Qual seria a melhor regra para essa situação, na sua opinião?". Dê espaço para que ele assuma responsabilidades e entenda as consequências de suas escolhas.
Entender essas fases nos ajuda a ser mais pacientes e a guiar nossos filhos e alunos de forma mais assertiva. Lembre-se: o objetivo não é ter crianças que obedeçam cegamente, mas sim formar adultos responsáveis, éticos e capazes de fazerem escolhas conscientes para uma vida mais plena e feliz.